dezembro 08, 2009

Uma verdade inconveniente em Uma Verdade Inconveniente?

Dois membros da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, responsável pela escolha do Oscar, pediram a devolução da estatueta dourada dada ao diretor Davis Guggenheim, em 2007, pelo documentárioUma Verdade Inconveniente, conhecido como "o filme de Al Gore".

Os roteiristas Roger L. Simon (Inimigos, uma História de Amor) e Lionel Chetwynd (O Grande Vigarista) reagiram à hipótese de que o documentário traz dados falsos para chamar atenção às mudanças climáticas no planeta. A denúncia veio à tona há duas semanas, quando se tornou pública a troca de e-mails entre acadêmicos britânicos acusando o Climatic Research Unit, departamento da Universidade de East Anglia, em Londres, de forjar informações para exagerar a participação do homem no aquecimento global. Algumas delas aparecem no filme.

Simon e Chetwynd, de acordo com o jornal norte-americano The Los Angeles Times, integram a ala conservadora da Academia. Chetwynd, inclusive, foi selecionado pelo republicano George W. Bush como membro do Comitê de Artes e Humanidade, em 2001. Já Simon está na chefia do Pajamas Media, rede de blogs de tendência conservadora (leia um post sobre o "climategate" aqui).

Questionado pelo L.A. Times, Simon diz não se lembrar da retomada do Oscar de quaisquer ganhadores em edições passadas. Mas defendeu sua posição: "Eu retiraria [o de Al Gore]". Na verdade, quem ganhou a estatueta pelo filme foi Guggenheim, o diretor, mas Al Gore se apresentou, na cerimônia de premiação, para os agradecimentos ao lado do cineasta.

Vice-presidente de Bill Clinton, Al Gore viu sua fama de líder ambientalista inflacionar após o lançamento deUma Verdade Inconveniente, de 2006. O político jogou os holofotes à "causa verde" ao transformar uma série de palestras suas no bem-sucedido documentário, enfático quanto à culpa do homem na degradação ecológica. Em 2007, Al Gore - que perdeu as eleições presidenciais de 2000 para Bush - recebeu o Nobel da Paz junto ao Painel Intergovernamental para Mudanças Climáticas, da ONU. Por palestras de 85 minutos, agora, cobra cerca de US$ 100 mil, segundo o jornal The Los Angeles Times.

A universidade londrina investiga as denúncias contra seu departamento climático, que emergiram em data inconveniente: dias antes de começar a Cúpula de Copenhague. O evento, que conta com presença de líderes mundiais, de Obama a Lula, avalia ao longo desta semana medidas intergovernamentais para brecar o aquecimento global.

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